sábado, 24 de março de 2012

Em debate | "A pedagogia no ensino superior"


O Núcleo de Estudantes Socialistas do ISEP promoveu no dia 22 de Março um debate sobre um importantíssimo tema do Ensino Superior muitas vezes esquecido pela relevância de outros, que de um modo geral atingem mais facilmente a atenção dos estudantes e quadrantes políticos.
Convidamos Paulo Neto (presidente da associação de estudantes do ISEP), o Engº Joaquim Filipe Santos (docente do ISEP) e ainda a Dr.ª Carlinda Leita (docente da FPCEUP) e abrimos uma sessão de debate riquíssima em torno das questões da Pedagogia no Ensino Superior.


Foi possível realçar algumas lacunas pertinentes em torno deste tema nomeadamente no que toca à Formação Pedagógica dos docentes de Ensino Superior passando ainda por alguns tópicos que se interligam com o tratado de Bolonha.


Realça-se a grande ausência de investimento na Formação Pedagógica no Ensino Superior e na constante desvalorização da pedagogia, pelo que, em Portugal ao contrário de outros países, não se aposta na vertente pedagógica, importantíssima para a optimização do rendimento e sucesso académico dos estudantes de Ensino Superior.

No que toca ao Ensino Superior, ao contrário de outras etapas do percurso académico dos estudantes, noutros níveis de ensino (básico e secundário) , os docentes não são obrigados a ter formação pedagógica, contrariando também negativamente o que se passa noutros países onde os docentes têm que fazer provas de aptidão pedagógica para poderem leccionar. Mais do que isso, nem o próprio sucesso académico dos estudantes influencia (de modo geral) a continuação do exercício da docência.


Paulo Neto, refere que existem professores que já leccionam há vários anos sem se adequarem à contemporaneidade dos métodos de ensino e defende que cada instituição de Ensino Superior deve ter a sua própria estratégia de maneira a formatar os estudantes a adaptarem-se de forma mais adequada. O presidente da aeISEP acrescenta: “Os docentes devem ter formação pedagógica obrigatória de 2 em 2 anos”.


Por sua vez, o Eng.º Joaquim Filipe Santos afirma sem dúvidas que os docentes (pelo menos do ISEP) são muito bons cientificamente até pela exigência que reconhece no ISEP, afirma que é verdade que não existe formação pedagógica obrigatória mas sente que cada vez há uma maior relação professor/aluno que classifica como sendo boa. Um dos seus receios prende-se com os contrangimentos financeiros que as IES têm vindo a sentir e que no futuro possam levar a mais alunos por turma nas IES, o que seria um retrocesso pedagógico muito grande.


A Dr.ª Carlinda Leite afirmou ter aceite o convite do NES ISEP assim que o recebeu enaltecendo a importância deste tema. Vindo de encontro ao atrás referido, a Dr.ª Carlinda Leite referiu ter aprendido a ser professora no Ensino Básico e Secundário onde tinha formações pedagógicas obrigatórias. A docente da FPCEUP acredita que os professores estão receptivos a ter formação pedagógica pois referem muitas vezes que sentem os estudantes desinteressados pelos métodos como leccionam.


No que toca à avaliação dos docentes de Ensino Superior têm sido utilizados inquéritos aos Estudantes que servem meramente para os docentes reflectirem quando recebem o seu resultado e o comparam com a média da avaliação de todos os outros docentes da mesma instituição. Acontece que devido a cortes orçamentais, cada vez mais IES optam por fazer inquéritos via internet o que pela reduzida participação dos estudantes leva a invalidade estatística, não traduzindo avaliações reais. De qualquer das formas, estes resultados não são de todo determinantes para a continuidade do exercício da docência, desvalorizando-se também aqui o papel da pedagogia no Ensino Superior.


O tratado de Bolonha foi citado por todos os convidados do NES ISEP, com referências à fraca orientação tutorial existente. Pela pressuposiçao de Bolonha de que os Estudantes devem estudar de forma mais independente, o acompanhamento torna-se diminuto. Tal facto torna-se mais gravoso pela ausência de algo que a Dr.ª Carlinda Leite diz ser muito importante – um ensino de métodos e ferramentas de aprendizagem que vá de encontro à mudança de paradigma de um ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um ensino baseado no desenvolvimento de competências;


O sucesso académico dos estudantes e a optimização do seu rendimento passa pela excelência pedagógica e o NES ISEP acredita que tal como noutros ciclos de ensino, os docentes de Ensino Superior devem ter formações pedagógicas obrigatórias. A contratação dos docentes deverá à imagem de outros países necessitar de aprovação em provas de aptidão pedagógica e deve sem dúvida haver espaço para um modelo de avaliação dos docentes que seja vinculativo.

NES ISEP

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