segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cadernos eleitorais - o peso dos números

No sentido da melhoria contínua da nossa democracia que deve ser modelada conforme o estigma social que se vive actualmente no nosso país, não podem mais ser descurados todos os cuidados técnicos referentes à criação dos cadernos eleitorais, que acima de tudo visam a correcta representação política da assembleia da república através do recurso ao sufrágio efectuado pela população portuguesa.

Num país onde os serviços públicos online são do melhor que  existe a nível internacional, os recursos derivados deste forte investimento tecnológico devem ser aplicados com eficiência em prol de todos os portugueses e da afirmação de um modelo democrático que necessita de uma lufada de ar fresco que contrarie o fraco exercício do dever cívico.

A simples remodelação dos cadernos eleitorais, aliada ao facto de contarmos hoje com as gerações mais formadas de sempre, poderia por si só ter um impacto bastante positivo no modo  como os portugueses olham para a política pela força dos números e pelo peso da estatística. Mas seguindo o caminho da realidade que  no fundo se torna mais apelativo e transparente, é possível verificar que o facto dos cadernos eleitorais terem sido erradamente formulados induzem numa errada representatividade parlamentar  como são exemplos Viana do Castelo, Faro e Madeira, círculos tradicionalmente de Direita que contam com 157 mil eleitores falsos. Se esses três círculos tivessem os cadernos eleitorais correctos, PSD e CDS perderiam 3 deputados, 1 para Setúbal e 2 para o Porto onde aliás, tradicionalmente se vota mais na Esquerda.

Segundo a TSF, nestas eleições legislativas estiveram inscritos cerca de 755 mil eleitores fantasma, isto porque mudaram de residência, emigraram ou simplesmente porque faleceram. Com isto pretendo afirmar que um número representativo de cerca de 8% da população, inflaccionou o valor da abstenção que poderia neste momento ser de cerca de 33% que apesar de tudo não é um valor excelente.

O menor valor da taxa de abstenção de sempre em Portugal é referente a 1975, altura em que foi inferior a 8%. Com a subida vertiginosa ao longo destes 36 anos, será correcto concluir que quanto mais formação e quanto mais diplomados Portugal tem, maior é a abstenção, ou estará na hora de aproximar a política às instituições de ensino?

Os melhores cumprimentos

André Lopes

3 comentários:

  1. Acho que a questão não tem tanto a ver com a formação/qualificação ou não dos portugueses. Tem mais a ver com a descredibilização que toda a classe política possui, em parte por culpa própria, junto da população. Outro aspecto que justifica os altos valores da abstenção (e tendo em conta que a maior parte deste valor se verifica nas faixas etárias mais jovens) é o facto desses jovens não saberem dar o devido valor a este direito, que é também na minha opinião um dever...
    Estive nas mesas de voto nos últimos 4 actos eleitorais e o que se verifica é que as classes mais idosas vão votar, por mais dificuldades que tenham, porque esses sabem o que é querer votar e não poder, ou ainda que pudessem, ver o seu voto falseado.
    E este estigma de descredibilização da classe política só se pode mudar com uma renovação, ainda que gradual, da mesma, lançando no panorama político nacional caras novas, alheadas de qualquer tipo de 'caciquice'.
    Obviamente que uma melhoria da situação económico-social do País também facilitaria as coisas...

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  2. Dois pontos.
    Primeiro, os nossos serviços públicos a nível do acesso via Internet são mesmo dos melhores do mundo. Mas precisamos de garantir ás pessoas a formação necessária para os usar. Era por isso, e não só é claro, que o programa "Novas Oportunidades" era tão importante, porque verdadeiramente quem por ele passava ficava capacitado a usar essas ferramentas.
    Ponto dois. Felizmente este é ano de Census! Vamos ter dados actualizados

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  3. Não tenho a certeza se essas contas estão bem feitas quando se diz que o número real de abstenção neste momento seria de 33% mas, sendo ou não verdade, estou certo de que haveria maior participação nos actos eleitorais e não só, se fossem banidas certas burocracias que só nos fazem perder tempo e dinheiro....sugestão consultem toda a informação disponível nos seguintes links; https://www.facebook.com/zeroBUROCRACIAS e http://www.peticaopublica.com/?pi=1984

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